Onde assistir = Um Espião Nunca Morre – Filme (2014) – Pierce Brosnan – The November Man – Roger Donaldson
SINOPSE
Não recomendado para menores de 16 anos
November Man – Um Espião Nunca Morre se passa em Montenegro, 2008. Peter Devereaux (Pierce Brosnan) é um espião da CIA que é responsável pelo treinamento do novato David Mason (Luke Bracey). Os dois estão envolvidos em uma missão que não dá certo, já que uma garota é atingida em um tiroteio. Desde então Peter se afasta do ramo da espionagem, mas é trazido de volta cinco anos depois pelo velho amigo Hanley (Bill Smitrovich), que o chama para resgatar uma velha conhecida de Peter, Lucy (Tara Jevrosimovic). Ela é uma agente que trabalha infiltrada na Rússia, espionando o general Arkady Federov (Lazar Ristovski), que Hanley quer resgatar já que corre risco de morte. Peter é então enviado para a tarefa, fora dos trâmites oficiais da CIA, mas ao chegar percebe que há bem mais interesses por trás desta situação.
CRÍTICAS
Tem um intérprete de James Bond, características de filmes de James Bond, mas não é um legítimo James Bond. Não se engane e pense que esta frase é depreciativa, visto que as aventuras do agente 007 nem sempre são sinônimo de qualidade – 007 – Quantum of Solace que o diga. A comparação tem muito mais a ver com elementos da narrativa e de formato do que em dizer se o filme é bom ou ruim. Fato é que o diretor Roger Donaldson (13 Dias Que Abalaram o Mundo) fez de November Man – Um Espião Nunca Morre uma espécie de genérico dos filmes do gênero.
O foco central está em Pierce Brosnan, mais uma vez como espião. Entretanto, se como James Bond ele mantinha uma certa classe e charme, aqui seu personagem é bem mais prático, indo direto ao ponto – a começar pela abertura que logo joga o espectador no clima frenético da história. Aposentado há cinco anos devido a uma missão fracassada, ele é envolvido no resgate de uma agente infiltrada, que – não por acaso – é sua ex. Não demora muito para que ele perceba que nem tudo é o que parece ser e, por conta própria, tenha que desvendar o que realmente está acontecendo. Ou seja, o filme traz reviravoltas, jogo duplo, tiroteio, perseguições… tudo que está descrito na cartilha dos filmes de espionagem – o que, volto a ressaltar, não é necessariamente ruim. O pulo do gato é o modo como estes elementos são apresentados e é aqui que o filme patina.
A começar pela justificativa meio estapafúrdia dada para que Peter Devereaux (Brosnan) entre na trilha da conspiração, passando pela explicação do tal apelido “November Man” (puro estilo!) e concluindo com o envolvimento com a novembergirl Olga Kurylenko (ex-Bondgirl, por sinal). Tudo isto em meio a muita ação, seja em decorrência da fuga dos agentes russos e da CIA ou do duelo entre mestre e pupilo existente entre Peter e David Mason (Luke Bracey). É este último o grande trunfo do filme, ao mesclar o eterno duelo entre o novo e o antigo com a dúbia sensação de ser aprovado pelo mentor e também superá-lo, mesmo que isto signifique sua morte. Existe entre os dois uma reverência mesclada à necessidade de sobrevivência (no emprego e de vida mesmo) que chama a atenção, muito também pela boa atuação de Bracey.
Há também em November Man um lado político bastante forte, por mais que ele apareça sob uma certa maquiagem. O risco russo se materializa novamente, não devido à Guerra Fria mas pelos atos do atual presidente Vladimir Putin, “travestido” na pele de um general que cometeu crimes de guerra e agora deseja governar o país. É Hollywood, mais uma vez, aproveitando o momento da diplomacia externa dos Estados Unidos para criar seus vilões, à sua imagem e alguma semelhança. Por outro lado, há um aspecto bem interessante no roteiro ao apresentar a própria CIA como um elemento importante na conspiração, assumindo um ar de imperfeição que faz com que Peter fique contra o próprio sistema que o criou. Entretanto, por mais que traga uma certa ousadia, o diretor Roger Donaldson está mais interessado em produzir sequências de ação do que propriamente em refletir sobre o mundo da espionagem.
November Man é um filme burocrático, que até entretém pelo ritmo incessante de seus personagens principais e a crueza das cenas de ação – algumas bem violentas -, mas não consegue ir além dos variados clichês do gênero. É a chance do espectador ver Pierce Brosnan como um espião mais brutal, bem mais do que seu James Bond foi, o que também gera uma certa curiosidade. Por outro lado, Olga Kurylenko reprisa seu habitual posto de beleza exótica e apática. Apenas regular.
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